Foto: Adelino Ferreira
Como todos devem saber muitas vezes sou convidado para efectuar voos de baptismo nos lugares onde costumo operar com as aeronaves que voo frequentemente e claro que aceito fazer esses voos de bom grado sempre que me é possível pois é uma forma de registar horas de voo e manter toda a proficiência de voo que muito custa a adquirir em vários anos de estudo e a praticar.
Também há uma certa faceta de carácter social a qual tem bastante interesse e as suas vantagens inerentes, pois é bom relacionarmos-nos com os passageiros da melhor forma possível, pois ajuda-nos a conhecer todas as suas reacções e expectativas pois temos de também lhes dar toda atenção dentro da medida do possível, pois em primeiro lugar está a operação eficiente e segura da aeronave que os transporta. O piloto tem de estar atento aos "sinais" dos passageiros, se estão a gostar, se estão divertidos ou com receios, se estão com calor ou com frio ou mesmo a enjoar (o q é raro), resumindo o piloto tem de alguma forma de dividir-se entre os papeis de Piloto Comandante e assistente de bordo e realizar as duas tarefas de forma minimamente eficaz, mas sempre muito segura e responsável. Pois isto de fazer os chamados voos de baptismo não é só enfiar o pessoal dentro do avião, pôr o motor em marcha e pronto, estes voos como já referi não se resumem só a isso. Há sempre uma série de procedimentos e rotinas a efectuar antes, durante e após os voos.
Claro que há diferentes tipos de passageiros, aqueles que não são muito curiosos em relação á aviação e há também o oposto, há os receosos e pouco entusiasmados e os que estão sempre prontos para a aventura, depois há também as crianças jovens e aquelas menos jovens os quais são bem mais difíceis de "controlar", os que nos bombardeiam literalmente com perguntas e aqueles que nem tem sequer tem a coragem de abrir a boca nem para respirar durante a descolagem e aterragem, os que se agarram ao assento durante as voltas de menos de 30º de pranchamento. Depois há os olhares que tentam ser discretos e que mostram um certo receio enquanto eu faço a minha leitura do checklist e efectuo os procedimentos habituais em qualquer voo, mas claro que nem toda a gente está informada em relação a esses aspectos mais técnicos dos voos, pois na maioria das vezes é o primeiro contacto que têm com a aviação. Quando vejo esses "receios" em alguém tento pôr as pessoas á vontade, mas sem entrar em grandes detalhes de carácter técnico, pois falar muito normalmente também não ajuda lá grande coisa. Mas de qualquer dos modos é sempre gratificante chegar a conclusão que os passageiros ficaram satisfeitos com o voo e quando dizem que querem voltar a repetir a experiência.
A maioria das vezes no final agradecem-me dizem que adoraram, como vocês devem imaginar e como não poderia deixar de ser, fico bastante satisfeito com esse tipo de reações, pois ninguem gosta de pôr de volta em terra firme um passageiro em vias de "chamar pelo Gregório".
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